Atualização Cofen: Comitê Transfusional: estratégia para garantir a segurança das transfusões sanguíneas

OBJETIVOS

  • Contextualizar a atuação da enfermagem no Comitê Transfusional como estratégia para garantir a segurança das transfusões sanguíneas.
  • Olá colega e ex-cursista! Essa atualização tem o intuito de aprimorar o seu conhecimento sobre a transfusão de sangue e a necessidade das instituições de saúde possuírem os Comitês Transfusionais. Vamos à leitura?
Atualmente a transfusão de sangue é parte importante da assistência à saúde. A terapia transfusional se tornou indispensável na prática médica moderna, pois permite diminuir a mortalidade, prolongar e melhorar a qualidade de vida em diferentes condições clínicas. (BRUM, 2011; ALBINI, LABRONICI, LACERDA, 2010)
É essencial para o tratamento de pacientes idosos, oncológicos, debilitados e que apresentam distúrbios hemorrágicos, bem como para o sucesso de vários procedimentos cirúrgicos. (BRUM, 2011; ALBINI, LABRONICI e LACERDA, 2010)
Brum (2011) cita que não há dúvidas de que a transfusão de sangue salva vidas. Contudo a sua prática, muitas vezes, é um problema, pois não existe um verdadeiro consenso quanto a sua indicação.
Apesar dos cuidados que os serviços de hemoterapia possuem com o sangue doado, para se evitar danos ao receptor e reduzir os riscos da transmissão de doenças por meio da transfusão, sabe-se que os riscos de desenvolvimento de doenças ou agravos à saúde do receptor de transfusão, não diagnosticados pelos testes laboratoriais, não são anulados. (ALBINI, LABRONICI e LACERDA, 2010)
Albini, Labronici e Lacerda (2010) acrescentam que existem os riscos de compli­cações agudas e tardias, relacionadas aos erros de identificação de pacientes e amostras, e ao uso de produtos inadequados.
Diante dos riscos, o que temos feito para garantir a segurança das transfusões de sangue?
Vários países instituíram serviços nacio­nais de transfusão sanguínea, conforme com as normas e recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), com o intuito de estabelecer políticas nacionais de educação e treinamento sobre o uso clínico do sangue e seus componentes. (ALBINI, LABRONICI, LACERDA, 2010)
Nesse sentido, muitos hospitais instituíram os Comitês Transfusionais (CT), a fim de contribuir para a ga­rantia da segurança transfusional, conforme preconiza a resolução RDC n.º 153 de 14 de junho de 2004  da Agência Na­cional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Albini, Labronici e Lacerda, (2010) mencionam que os primeiros Comitês de Transfusão Sanguí­nea surgiram na década de 1980, com o objetivo de garantir a utilização correta de sangue e hemoderivados. Em 1990, ocorreu amplo consenso das organizações internacionais, dentre elas a OMS e o Conselho da Europa, sobre a necessidade de criação dessas estruturas nos hospitais.
Conheça o protocolo de um Comitê Transfusional da cidade de São Paulo:
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Esse Comitê deve ser composto por equipe multiprofissional que atue na instituição, da qual destaca-se a equipe de enfermagem, pois são esses profissionais que se mantêm próximo ao paciente durante a transfusão sanguínea. (ALBINI, LABRONICI, LACERDA, 2010)Em 2004, a Resolução n.º 153 da Anvisa preconiza que todos os hospitais que tenham serviços de hemoterapia devem possuir Comitês Transfusionais, com estrutura multidisciplinar, com função de monitoramento da prática hemoterápica na instituição de saúde. (ANVISA, 2004)
De acordo com Silva e Somavilla (2010), a terapia transfusional requer conhecimento das técnicas de aplicação, dos riscos e das intervenções nas complicações. Dessa forma, os cuidados básicos de enfermagem previstos incluem:
  • Verificar assinatura no termo de consentimento que autoriza o procedimento, pelo paciente ou responsável legal;
  • Conferir o hemocomponente solicitado, a determinação do tipo sanguínea e a prova cruzada em relação à transfusão;
  • Verificar a compatibilidade do grupo ‘ABO’ e o tipo ‘RH’ que estão no registro do doador e receptor;
  • Examinar no sangue a presença de bolhas, coloração diferente ou turvação.
  • Identificar o paciente, solicitando que o mesmo diga o seu próprio nome comparando assim, com a identificação da pulseira ou bracelete.
  • Conferir duas vezes o cartão do usuário, sistema no qual consta o nome e o número da bolsa;
  • Monitorizar, temperatura, pressão arterial, frequência cardíaca e respiratória, para estabelecer um referencial para comparação posterior dos sinais vitais.
  • Certificar-se que o hemocomponente será administrado após 30 minutos depois de retirado do refrigerador; se houver indicação de aquecimento, este deve ser feito de forma controlada, com sistema de aquecedores próprios e com termômetros para controle de temperatura.
Além disso, o profissional de enfermagem deve adotar as medidas de proteção e a obediência às normas de biossegurança. Estudos mostram um índice significativo de acidentes que envolvem artigos perfurocortantes, respingos de sangue, exposição a material químico, dentre outros. Os principais causadores desses acidentes estão relacionados a materiais com defeitos, falta de proteção, descuido, pressa e falta de atenção do profissional de enfermagem.
Dessa forma, caro profissional de enfermagem, verifica-se a importância da utilização dos equipamentos de proteção individual (EPIs), pois a segurança no trabalho é fundamental para a atuação da enfermagem e para a saúde desse profissional. Vale ressaltar também que a efetividade destas ações estão vinculadas à processos educativos de conscientização dos trabalhadores, além da adoção de precauções padrão. Você concorda?
Nesse sentido, Delgado (2009) afirma que dentre as atribuições do CT, destacam-se:
  • Monitorar, investigar e notificar os incidentes transfusionais imediatos e tardios;
  • Promover e participar de treinamentos em hemovigilância;
  • Desenvolver protocolos para unificação de condutas;
  • Detectar e sugerir as modificações e adequações necessárias na rotina do atendimento;
  • Promover Educação Continuada em Hemoterapia
Além disso, os Comitês Transfusionais dos Hemocentros e Núcleos Regionais devem servir de referência e consultoria para os CT das suas Agências e Assistências Hemoterápicas. E os CT das Agências e Assistências Hemoterápicas (hospitais públicos e privados), devem servir de referência e consultoriapara os médicos e demais profissionais do serviço de saúde a eles relacionados.
Nesse contexto, o enfermeiro assume um papel importante no Comitê Transfusional (CT), pois seus conhecimentos relacionados ao gerenciamento do cuidado, à educa­ção, a pesquisa e trabalho eIsso pode ser observado no relato de experiência de uma enfermeira que atua em um Comitê Transfusional (CT) de uma organização de pública de saúde, o qual cita que, atualmente, os resultados de sua atuação no CT podem ser observados pela diminuição de intercorrências transfusionais na instituição, pois os índices se mostram abaixo dos que a literatura preconiza. (ALBINI, LABRONICI, LACERDA, 2010)
Leia o artigo intitulado Atuação da enfermeira em Comitê Transfusional:
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Além disso, o reflexo da atuação da enfermeira é percebido, tanto na comunidade interna quanto na externa, por meio de convites recebidos para administrar aulas e auxiliar na implantação de comitês em outras instituições, pedidos para participação em reuniões nas instituições, o que representa a mudança de comportamento da equipe de enfermagem com a preocupação da assistência prestada aos usuários submetidos à hemoterapia. (ALBINI, LABRONICI, LACERDA, 2010)
Caro leitor, a partir dessa atualização, esperamos que você possa perceber a importância da atuação da enfermagem no cenário dos Comitês Transfusionais, como sendo um a estratégia para garantir a segurança dos receptores.

Referências

ALBINI, L; LABRONICI, L. M.; LACERDA, M. R. Atuação da Enfermeira em Comitê Transfusional.  Cogitare Enfermagem, v. 15, n.º 3, p. 556-559. Paraná, jul. – set., 2010. Disponível em: <http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/cogitare/article/view/18904/12214>. Acesso em: 15 jul. 2011.
ANVISA – AGÊNCIA DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução-RDC nº 153, de 14 de junho de 2004.Determina o Regulamento Técnico para os procedimentos hemoterápicos, incluindo a coleta, o processamento, a testagem, o armazenamento, o transporte, o controle de qualidade e o uso humano de sangue, e seus componentes, obtidos do sangue venoso, do cordão umbilical, da placenta e da medula óssea. Brasília, 2004. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/f987d38042f8415293ed97536d6308db/rdc_153.pdf?MOD=AJPERES&useDefaultText=0&useDefaultDesc=0>. Acesso em: 15 jul. 2011.
BRUM, D. E. de L. Racionalizar a transfusão de hemocomponentes: benefícios a pacientes, instituições e operadoras de planos de saúde. Revista da AMRIGS, v. 55, n.º 1, p. 76-82. Porto Alegre, jan.-mar., 2011. Disponível em: <http://www.amrigs.com.br/revista/55-01/021-630%20-%20Racionalizar%20a%20transfusao%20de%20hemocomponentes.pdf>. Acesso em: 15 jul. 2011.
DELGADO, R. B. A importância dos comitês transfusionais na redução da subnotificação em hemovigilância. Oficina de Sensibilização para Notificação em Hemovigilância ANVISA. São Paulo, 2009. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/c723c1804493d1918d08cd7d15359461/comites_transfusionais.ppt?MOD=AJPERES>. Acesso em: 20 jul. 2011
SILVA, L. A. A. da; SOMAVILLA, M. B. Conhecimentos da equipe de enfermagem sobre terapia transfusional. Cogitare Enfermagem, v. 15, n.º 2, p. 327-333. Rio Grande do Sul, abr – jun, 2010. Disponível em: <http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/cogitare/article/view/17871/11661>. Acesso em: 20 jul. 2011

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