Projeto vai combater o tracoma nas aldeias
Ministério capacita profissionais de saúde para diagnóstico e
tratamento dessa doença – um tipo de conjuntivite crônica bacteriana que
pode levar à cegueira
Olhos irritados, lacrimejantes, coceira, sensação de “areia nos olhos” e
fotofobia (aversão à luz). Estes podem ser sintomas de uma doença
contagiosa: o tracoma, uma espécie de conjuntivite crônica que pode
levar à cegueira. Para prevenir a doença, a Secretaria Especial de
Saúde Indígena (Sesai) realiza, desde o último sábado (22) até a próxima
quinta-feira (27), em São Gabriel da Cachoeira (AM), a capacitação de
profissionais de saúde para o diagnóstico da doença em população
indígena. O objetivo é conhecer a situação epidemiológica e desenvolver
ações para o tratamento e controle dos casos.
Para o secretário da Sesai, Antônio Alves, com o treinamento certo, a
prevenção do tracoma pode ser levada a qualquer ambiente. “Conhecendo a
doença e o tratamento, é possível cuidar do paciente em qualquer lugar
do país, seja cidade ou aldeia. Por isso, é importante que as equipes
estejam preparadas para reconhecer os sintomas”, explicou o secretário.
De acordo com a diretora do Departamento de Atenção à Saúde (Dasi) da
Sesai, Irânia Marques, o tracoma é uma doença que reflete as condições
sanitárias e de higiene das populações com mais baixos indicadores de
qualidade de vida. Deste modo, o plano para eliminação do tracoma inclui
as comunidades indígenas como áreas estratégicas, por serem áreas de
risco epidemiológico. “O tracoma é uma doença evitável que está
vinculada aos hábitos de higiene. Dessa forma, nós temos grandes chances
de eliminar ou pelo menos diminuir e muito a incidência desse problema
de saúde pública nas comunidades indígenas”, afirmou.
Durante os seis dias de curso “Capacitação em Saúde Ocular, Vigilância Epidemiológica e Controle do Tracoma no DSEI Alto Rio Negro”, médicos,
enfermeiros, técnicos de enfermagem, agentes indígenas de saúde, entre
outros profissionais que compõe as Equipes Multidisciplinares de Saúde
Indígena, estão tendo aulas teóricas e práticas sobre anatomia e
fisiologia do olho, acuidade visual, inversão da pálpebra, padronização
do diagnóstico, vigilância epidemiológica e exames. Esse curso faz parte
do projeto-piloto para Eliminação do Tracoma nos 34 Distritos
Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs). A previsão é que a expansão da
ação ocorra no próximo ano.
De acordo com o oftalmologista Jonathan Lake, a doença é transmitida
pelo contato direto, pessoa a pessoa, ou por meio de objetivos
contaminados (toalhas e fronhas). Além disso, o contato das mãos ao
coçar os olhos pode acabar levando a bactériaChlamydia e ao desenvolvimento do tracoma. “É
uma doença que tem prevenção por que está relacionada às condições
sanitárias em geral. A iniciativa para detecção dos casos de tracoma é
fundamental para que ao detectar o tracoma em estágio final não se
chegue aos estágios finais, que são as cicatrizes e cegueira”, destacou.
Após a capacitação, os profissionais das equipes multidisciplinares de
saúde indígena atuarão nas 666 aldeias do DSEI Alto Rio Negro, que
abrangem três municípios amazonenses: Barcelos, Santa Isabel do Rio
Negro e São Gabriel da Cachoeira. Somados os municípios, a população é
de mais de 30 mil índios, distribuídos em 46 etnias:
O QUE É TRACOMA:
É uma doença que atinge 41 milhões de
pessoas no mundo, aproximadamente, sendo responsável por 1,3 milhão dos
casos de cegueira. A doença não é de notificação compulsória nacional.
Mas, em um levantamento realizado pelo Ministério da Saúde, entre 2000 e
2008, foram examinados 11.808 índios de 292 comunidades, distribuídos
em 34 municípios pertencentes aos estados de Pernambuco, Mato Grosso do
Sul, Mato Grosso, Rondônia, Roraima e Amazonas. Foram detectados 3.637
casos de tracoma. A prevalência da doença nas formas inflamatórias foi
de 21,7%, muito acima do nível máximo aceitável (5%), o que revela a
magnitude e relevância da doença nesta população. As prevalências
encontradas das formas cicatriciais foram: tracoma cicatricial, 11,2%;
opacificação de córnea, 0,2% e triquíase tracomatosa, 0,4%.
O tracoma é uma conjuntivite crônica provocada pela bactéria Chlamydia trachomatis,
sorotipos A, B e C. De acordo com a OMS, o tracoma é uma importante
causa de cegueira nos países emergentes, apresentando a peculiaridade de
ser irreversível e refratária ao transplante de córnea.
Retirado de: http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/noticia/2822/162/projeto-vai-combater-o-tracoma-nas-aldeias.html
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